Por que ganho peso na menopausa e como reverter? Analisando Ozempic, Mounjaro e Terapia Hormonal.

A menopausa é um dos tópicos mais frequentes no consultório. Recebo diariamente mulheres com queixas como: "Doutora, eu não mudei nada na minha rotina e engordei 8 quilos", "Por que eu não perco mais peso como antes?", ou a mais comum: "Por que toda a gordura agora parece ir direto para a minha barriga?".

Se você se identifica com isso, saiba que não é uma impressão. É um fato fisiológico. A transição da menopausa traz mudanças hormonais, principalmente a queda do estrogênio, que afetam diretamente o metabolismo, a forma como armazenamos gordura e até nosso gasto energético diário.

Pontos-Chave deste Artigo

  • 70% das mulheres ganham peso na menopausa - mudança marcada por perda de massa magra e aumento de gordura visceral
  • Tirzepatida (Mounjaro) mostrou perda de 23,8% do peso - com redução de quase 20cm na cintura em mulheres na pós-menopausa
  • Semaglutida com Terapia Hormonal = 30% mais eficaz - mulheres em TH perderam 16% vs 12% sem TH
  • A reversão é possível com estratégia integrada - combinando medicação, hormônios e estilo de vida

Até 70% das mulheres ganham peso durante essa transição. Esse ganho, tipicamente modesto, é marcado por uma mudança na composição corporal: há uma perda de massa magra (músculos) e um aumento da massa de gordura, especialmente a gordura abdominal e visceral. Esta não é apenas uma queixa estética; essa gordura visceral aumenta significativamente o risco de doenças cardiometabólicas, como diabetes tipo 2 e doenças cardíacas.

Por décadas, a frustração foi a regra. Mas o cenário mudou. Hoje, temos duas revoluções científicas que se encontram: o avanço no tratamento da obesidade com os agonistas de GLP-1 (como a Semaglutida - Ozempic/Wegovy) e os agonistas duplos GIP/GLP-1 (como a Tirzepatida - Mounjaro/Zepbound), e um entendimento mais claro sobre a segurança e os benefícios da Terapia Hormonal (TH).

A grande questão agora é: essas novas medicações funcionam para mulheres na menopausa? E a Terapia Hormonal ajuda ou atrapalha? Como Médica do Esporte e Nutróloga, minha missão é analisar criticamente as evidências científicas mais recentes para responder exatamente a isso. E a ciência, felizmente, nos trouxe respostas muito claras em 2024 e 2025.

A Análise Científica: Tirzepatida (Mounjaro) vs. Semaglutida (Ozempic) na Menopausa

Vamos analisar o que dois dos estudos mais importantes sobre o assunto nos dizem. Eles não são contraditórios; são complementares e respondem a perguntas diferentes, mas cruciais.

Estudo 1: Tirzepatida (Mounjaro/Zepbound) - Eficácia Robusta em Todas as Fases da Vida

Uma análise recente do programa de estudos SURMOUNT, publicada na revista Obesity, investigou exatamente o que queríamos saber: a Tirzepatida funciona de forma diferente em mulheres na pré-menopausa, perimenopausa e pós-menopausa?

A resposta curta é: a medicação foi incrivelmente eficaz em todos os grupos.

Os pesquisadores analisaram dados de mulheres com obesidade ou sobrepeso e descobriram que a Tirzepatida promoveu uma perda de peso "robusta" e "significativa", independentemente do estágio reprodutivo da mulher.

Vamos aos números do estudo SURMOUNT-1 (72 semanas):

  • Perda de Peso na Pós-Menopausa: Mulheres na pós-menopausa que usaram a dose máxima de Tirzepatida perderam, em média, 23,8% do seu peso corporal inicial. O grupo placebo perdeu apenas 3,3%.
  • Redução da Cintura: Este é, para mim, o dado mais empolgante. A queixa principal da menopausa é a gordura abdominal. Neste estudo, mulheres na pós-menopausa tiveram uma redução média de 19,9 centímetros na circunferência da cintura. Isso é uma mudança drástica e direta na gordura visceral perigosa.
  • Atingindo Metas: Quase todas (98%) as mulheres na pós-menopausa perderam pelo menos 5% do peso. Mais impressionante ainda, 71% delas perderam 20% ou mais do seu peso corporal.

O estudo também confirmou melhorias significativas na Relação Cintura-Altura (WHtR), um indicador de risco cardiometabólico que muitos especialistas (incluindo eu) consideram superior ao IMC. A medicação moveu uma grande porcentagem de mulheres de categorias de "risco muito alto" para "risco baixo".

Conclusão Clínica (Tirzepatida): A Tirzepatida (um agonista duplo GIP/GLP-1) demonstrou ser tão potente que sua eficácia parece "atropelar" as barreiras metabólicas impostas pela menopausa. Ela se mostrou uma ferramenta fenomenal para essa população, atacando tanto o peso quanto a gordura abdominal.

Estudo 2: Semaglutida (Ozempic/Wegovy) e Terapia Hormonal (TH) - Uma Sinergia Poderosa

Agora, vamos para uma pergunta diferente, respondida por um estudo de 2024 publicado no jornal Menopause. Este estudo focou apenas em mulheres na pós-menopausa que usavam Semaglutida e perguntou: o uso de Terapia Hormonal (TH) faz alguma diferença no resultado?

Os pesquisadores compararam retrospectivamente 90 mulheres na pós-menopausa sem TH contra 16 mulheres que estavam em TH (usando estrogênio oral ou transdérmico). Todas usaram Semaglutida para tratar sobrepeso ou obesidade.

A resposta curta é: Sim, a Terapia Hormonal fez uma diferença significativa.

Os resultados mostraram que o uso de TH foi associado a uma resposta de perda de peso melhorada e superior.

Vamos aos números (acompanhamento de 12 meses):

  • Grupo SEM Terapia Hormonal: Perda de peso média de 12% (±8%).
  • Grupo COM Terapia Hormonal: Perda de peso média de 16% (±6%).

Essa diferença de 4 pontos percentuais é clinicamente relevante e a associação se manteve "significativa através do tempo" e mesmo após o ajuste para outros fatores de confusão. Em essência, as mulheres em TH tiveram uma perda de peso aproximadamente 30% maior.

Por que isso acontece? (A Hipótese Clínica)

O estudo levanta algumas hipóteses excelentes que se alinham com o que vemos na prática:

  1. Melhora dos Sintomas: A TH é primariamente indicada para sintomas vasomotores (os "fogachos"). Ao tratar isso, a TH melhora o sono, a qualidade de vida e aumenta a disposição para a atividade física. Uma paciente que dorme melhor e se sente melhor, tem mais adesão à dieta e ao exercício, potencializando o efeito da medicação.
  2. Melhora da Composição Corporal: A própria TH já atua "contra" os efeitos da menopausa, ajudando a atenuar a perda de massa magra e o acúmulo de gordura visceral.
  3. Ambiente Otimizado: A TH não "causa" o emagrecimento, mas parece criar um ambiente metabólico e comportamental mais favorável, permitindo que a Semaglutida (um agonista GLP-1) exerça seu efeito com potência máxima.

Ambos os grupos tiveram melhora nos marcadores de risco cardiometabólico (como glicose, pressão e colesterol), provando que o tratamento é benéfico em ambos os cenários.

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A avaliação médica individualizada é o primeiro passo para um tratamento de sucesso.

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Respostas Científicas para as Dúvidas Mais Comuns

Com base nessas evidências de alta qualidade, podemos responder pragmaticamente às perguntas mais frequentes.

"Como reverter o ganho de peso na menopausa?"

A ciência mostra que é absolutamente possível. O estudo com a Tirzepatida (Mounjaro) demonstrou uma reversão média de 23,8% do peso corporal em mulheres na pós-menopausa, o que é um resultado transformador. A Semaglutida (Ozempic) também mostrou uma perda robusta de 12% a 16%, dependendo de outros fatores como a TH. A reversão é possível com a estratégia certa.

"Qual o hormônio que faz engordar na menopausa?"

Essa é uma inversão comum. Não é um hormônio que "faz engordar", mas sim a deficiência de estrogênio que acontece na menopausa. Essa deficiência altera o metabolismo lipídico e a forma como seu corpo armazena gordura, favorecendo o acúmulo na região abdominal. Por isso, o estudo de Hurtado et al. é tão interessante: ele mostra que a reposição hormonal (TH), ao corrigir essa deficiência, pode atenuar as mudanças na composição corporal e até ajudar a emagrecer mais quando combinada com a Semaglutida.

"Porque eu não perco peso na menopausa?"

Sua frustração é real e tem base fisiológica. O estudo da Semaglutida notou que a resposta de perda de peso no grupo sem TH foi "inferior". Isso acontece por uma tempestade perfeita: a queda hormonal pode piorar o sono (devido aos fogachos), diminuir a atividade física espontânea e a qualidade de vida. Além disso, há uma perda de massa magra (músculos), que são metabolicamente ativos e "queimam" calorias. Menos músculo significa um metabolismo basal mais lento. Não é "culpa" sua, é uma nova condição fisiológica que exige uma nova abordagem de tratamento.

"Como desinchar ou desinflamar o corpo para emagrecer?"

Embora os estudos não usem o termo "desinflamar", eles medem os marcadores cardiometabólicos, que estão diretamente ligados à inflamação crônica de baixo grau causada pelo excesso de gordura.

Ambos os estudos mostraram melhoras significativas. No estudo da Semaglutida, ambos os grupos (com e sem TH) tiveram melhora em marcadores de risco. O grupo COM TH, por exemplo, teve melhora significativa nos níveis de HbA1c (açúcar no sangue), triglicerídeos e colesterol total. O grupo SEM TH melhorou a glicose em jejum e a pressão arterial sistólica.

A "desinflamação" é uma consequência direta da perda de peso e da melhora da composição corporal, algo que essas medicações fazem muito bem.

A Visão 360° do Instituto AlphaPro: O Tratamento Integrado

Como médica, o que esses dois estudos de ponta me dizem? Eles confirmam a visão 360° que aplicamos no Instituto AlphaPro.

Fato 1: As medicações agonistas de GLP-1 e GIP/GLP-1 são ferramentas científicas e excepcionais para tratar a obesidade em mulheres na menopausa, com resultados que não tínhamos no passado.

Fato 2: A Tirzepatida (Mounjaro/Zepbound), por ser um agonista duplo, mostrou uma potência tão elevada que seus resultados foram extraordinários (média de ~24% de perda) mesmo sem considerar o status hormonal.

Fato 3: A Semaglutida (Ozempic/Wegovy) é também altamente eficaz, e sua potência pode ser otimizada (de 12% para 16% de perda) quando o "terreno" metabólico da paciente está ajustado com uma Terapia Hormonal (TH) bem indicada.

Nossa Abordagem Integrada

  • 1. Avaliação Clínica e Hormonal: A primeira etapa é entender você. Como estão seus sintomas da menopausa? Fogachos, insônia, cansaço? Você é uma candidata segura para a Terapia Hormonal? Se sim, a TH pode ser uma aliada fundamental, não só para sua qualidade de vida, mas para otimizar sua resposta metabólica e de composição corporal.
  • 2. Escolha Estratégica da Medicação: Com base no seu perfil, vamos optar por um agonista GLP-1 (Semaglutida) ou um agonista duplo GIP/GLP-1 (Tirzepatida)? Seu grau de obesidade, sua resistência à insulina e a presença ou não de TH podem influenciar essa decisão.
  • 3. Gestão Multidisciplinar (O Ponto-Chave): Nenhum desses estudos jogou a medicação isoladamente. O suporte nutricional e comportamental foi oferecido. A rápida perda de peso (especialmente os ~24% da Tirzepatida) traz um risco: a perda de massa muscular. Aqui, o trabalho do nutricionista (Thiago Marfori) e do educador físico (Átila) é essencial para garantir uma ingestão proteica adequada e o estímulo do treino de força.

Conclusão: A Menopausa não é uma Sentença

O ganho de peso na menopausa é complexo e real, mas está longe de ser uma sentença. A ciência avançou e hoje temos um arsenal terapêutico que nos permite reverter esse quadro de forma eficaz e segura.

Temos ferramentas potentes como a Tirzepatida, que promoveu perdas de peso médias de 23,8% e reduções de cintura de quase 20 cm em mulheres na pós-menopausa. E temos estratégias sinérgicas, como o uso de Terapia Hormonal para potencializar os efeitos da Semaglutida, levando a uma perda de 16% (versus 12% sem TH).

O segredo não está em uma única "caneta" ou pílula, mas em uma estratégia integrada que enxerga você por completo: seus hormônios, seu metabolismo e seu estilo de vida. A frustração de não perder peso na menopausa tem solução, e ela é baseada em ciência.

Se você está pronta para aplicar essa ciência e mudar sua saúde, o primeiro passo é uma avaliação completa. Estamos aqui para criar essa estratégia com você.

Pronta para reverter o ganho de peso da menopausa?

No Instituto AlphaPro, oferecemos uma abordagem integrada e baseada em evidências científicas para o tratamento da menopausa. Nossa equipe multidisciplinar está preparada para criar um plano personalizado para você.

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